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Dia 13 – Tulun – Listvyanka – 460 KM

Ok, se era frio que estava procurando na Sibéria, é frio que teremos.

Vai chover assim no raio que o parta. Toda a água do lago Baikal foi parar nas nuvens que desabaram sobre nossas cabeças em cerca de 400 km do trajeto de hoje. Saímos de Tulun com tempo fechado, mas apenas uma leve garoa. A garoa parou, depois voltou, aí parou de novo, aí fodeu! Água, muita água, mas muita água mesmo, e a temperatura batendo os 15 graus. Ok, parece susse, mas esses 15 graus, mais a roupa encharcada da moto (ainda que relativamente secos por baixo das roupas), mais o vento, derruba a sensação térmica.

Mas viajamos bem, apenas um pouco mais devagar do que o esperado, e finalmente chegamos ao famoso lago Baikal, um dos pontos altos da viagem. A chuva comprometeu um pouco da experiência, porque o lago em si estava envolto por uma espécie de neblina e revelava pouco de si. Mas dá pra ter uma ideia da grandiosidade do negócio. É um mar!!!!!! Não se vê onde a água acaba e as paisagens são estonteantes, mesmo na chuva.

Estamos em uma cidade chamada Listvyanka, que é um povoado nas margens do lago. A maior cidade da região se chama Irkutsk, e é a base de muitos viajantes para conhecer o lago. Mas preferimos avançar os 70 km até Listvianka e ficar, efetivamente, na beira do lago. O vilarejo é bem pequeno, com alguns hotéis espalhados pelas cerca de 10 quadras que formam o “centro”. Conseguimos um hotel de frente pro lago (Dream of Baikal), uma construção super bacana, toda de madeira, bem no espírito do local.

No “centro do centro” existe uma espécie de mercadão, onde se vende toda sorte de quinquilharias e souvernirs, e o ponto alto é a vende de peixe defumado. A principal atração é um tal de Omur (dá pra ver na galeria, na foto do mercado, as barraquinhas vendendo o bicho). Tivemos que vencer uma certa resistência inicial pra provar o bicho, porque o cheiro é foda. Fede muito! Como o bicho é defumado, aquele aroma se impregna em todos os lugares e dá pra cheirar o Omul bem de longe. Mas já que chegamos aqui, tinha que no mínimo provar o tal Omul. E não é que o peixe é bom? O pessoal o vende ainda quente, armazenado em isopores. Pegam os peixes que você escolhe, metem dentro dum saco, e você leva embora pra comer onde quiser. Nós o comemos como os nativos: com a mão e bebendo vodka produzida na Sibéria. E gostamos tanto que fomos buscar mais, mas dessa vez não no mercado, mas onde os peixes são defumados. Logo após o término da muvuca do centro, o lago faz uma curva e existe uma pequena subida, onde dezenas de barracas ficam defumando e vendendo Omul. Dessa vez fomos na fonte buscar mais Omul, mas não mudou grande coisa na experiência. O problema foi depois que voltamos para o hotel. Eu já lavei a mão umas 39 vezes com sabonete, desodorante, shampoo e nada parece conseguir tirar o cheiro de Omul… 🙁

A noite, saímos para jantar (o Omul foi almoço), mas provavelmente por ser domingo a noite, o vilarejo parecia uma cidade-fantasma. O tempo fechado, chuva, vento, as luzes das ruas apagadas e apenas um café aberto na beira do lago. Um cenário meio tétrico, meio mágico, extraído diretamente das páginas de algum romance policial, em que é exatamente nessas noites em que os crimes acontecem. Ainda bem que o hotel de ontem já ficou pra trás… 🙂

Quanto às estradas, chama a atenção a quantidade crescente de carros com a direção do lado direito rodando normalmente pelas estradas e cidades que funcionam no padrão brasileiro. Ou seja, é um negócio meio de maluco, todo mundo rodando pelo lado direito, mas carros com direção nos dois lados pra lá e pra cá. Talvez isso explico um pouco do relativo caos no trânsito. E ainda sobre estradas, num ponto bacana paramos para tirar umas fotos e, como nada é por acaso, fomos agraciados com o expresso transiberiano passando por aquele ponto no exato momento em que paramos. Nas duas fotos abaixo, dá pra ver a moto em primeiro plano, e o trem passando ao fundo! 🙂

Amanhã esperamos tempo bom (essa é a previsão), pra conseguir conhecer um pouco mais do lago com bom clima. E como teremos cerca de 650 km, boa parte dos quais margeando o lago até Ulan-Ude, um tempo favorável também colaboraria sobremaneira com as fotos. Vamos torcer!

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