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UM GUIA PARA PLANEJAR SUA PRÓXIMA VIAGEM À SIBÉRIA

A gente vive falando em “preparativos para a viagem”. Mas você já parou pra pensar no que isso quer dizer em termos práticos? Pensando nisso, esse post tem o intuito de te dar uma ideia sobre o que quer dizer “planejar” uma viagem como essa.

A primeira coisa, é claro, é definir um roteiro. O problema é que nós, motociclistas de longo curso, somos bichos que não sossegam. E a próxima viagem sempre que superar a anterior de alguma maneira. Tem que ser por estradas mais espetaculares, ou por trechos mais difíceis, ou em lugares mais frios. Não importa. Por algum viés, tem que ser algo inédito. A escolha da Transiberiana veio nessa esteira.

A escolha do roteiro envolve muito planejamento por si só. E é claro que, quanto mais remotos os lugares, mais difícil é encontrar informação, mesmo em tempos de Internet. Essa viagem foi um exemplo disso. Encontramos muito pouca coisa sobre a estrada e a rota. Fizemos alguns contatos, conhecemos amigos que já haviam feito essa viagem e que foram super importantes para esclarecer algumas dúvidas e, finalmente, fechamos a rota, dia a dia, conforme descrito nesse http://goo.gl/QLM7La.

O passo seguinte é verificar se é viável fazer o que imaginamos. Aí começa a pesquisa sobre clima (não estamos indo em Julho pra Sibéria por acaso), estrutura de estradas e hospedagem e onde conseguiremos as motos pra rodar. Essa fase envolve decisões “macro”, e por isso, é a mais fácil. Por exemplo, ter um roteiro pré-definido ou ir rodando ao sabor do vento (como fizemos na Rota 66)? Reservar hotéis ou ir parando onde encontrar (como fizemos na Austrália)? Alguns viajantes incluem nessa programação logísitica apoio externo (carros de apoio, etc). Mas esse definitivamente não é nosso estilo. Acreditamos que se uma viagem não dá pra ser feita de forma autônoma e autossuficiente nas motos, melhor não fazê-la. E isso, é claro, só aumenta a complexidade do planejamento.

Superada a fase “fácil”, aí vem a complicada. Entramos agora no planejamento dos detalhes, e como sabemos, o diabo sempre mora nos detalhes…

As fotos a seguir dão uma ideia da quantidade de coisas que tivemos que considerar nos preparativos para essa viagem, sempre levando em consideração que não temos muita ideia do que vamos encontrar na travessia da Sibéria, de que não podemos contar com comunicação muito efetiva com as pessoas ao longo da rota pela dificuldade de idioma e que a única alternativa nesses casos é tentar antecipar tudo o que for possível para assegurarmos a autonomia e autossuficiência que mencionei antes.

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Ao lado, a parte 1/3 do que temos que levar, e estamos, obviamente, falando do que chamo de “material técnico”, que é o necessário do ponto de vista motociclístico (piloto e motocicleta). Aí é possível ver:

  • Conjunto de jaqueta e calça de pilotagem (Rukka Paijanne, de cordura no material externo e forro interno de Gore-Tex 100% impermeável)
  • Botas impermeáveis
  • Dois conjuntos de segunda pele com tecnologia Outlast (também da Rukka), que estabiliza a temperatura do corpo humano
  • Dois conjuntos de windstoppers – mais uma vez da Rukka – que atuam como segunda pele ou por cima da segunda pele, e são feitos com tecidos tecnológicos que bloqueiam a passagem do vento, mais uma vez, ajudando a equalizar a temperatura do corpo humano
  • 3 pares de meias para uso com a motocicleta, uma bem quente, uma para médias temperaturas e uma para temperaturas mais altas (considerando que temperatura alta na Sibéria é algo em torno de 15 graus)
  • Balaclava
  • 3 pares de luva, seguindo a mesma lógica das meias
  • Saco estanque impermeável para armazenar documentos
  • Jogo de ferramentas completo (muito superior ao que vem por padrão nas motos), porque não raro, na estrada, até encontramos um mecânico mas muitas vezes ele não tem as ferramentas necessárias para a moto
  • Assento de gel, para aumentar a distância entre paradas – acredite, faz a diferença
  • Capacete com intercomunicador
  • O rastrador por satélite SPOT que vai plotar nossa localização em tempo real
  • Elásticos e “aranhas” de todos os tipos imagináveis para prender coisas na moto
  • Barraca de camping (o plano não é dormir em barraca, mas ela sempre tem que estar presente para uma eventualidade, como indisponibilidade de hotel ou um imprevisto que force uma parada no meio do nada durante a noite)
  • Saco de dormir com temperatura de conforto entre 0 e 10 graus (mesma lógica da barraca)
  • Bolsa de tanque para possibilitar ter as câmeras sempre a mão no meio da estrada
  • Kit para reparo de pneus sem câmera
  • “Tubão” de reparo de pneus (com ou sem câmera) que infla o pneu e joga uma gosma lá dentro inflando o pneu ao mesmo tempo e na maioria das vezes resolve o problema com pequenos furo

Isso tudo vai no motociclista e na moto. Mas é claro que não acabou aí.
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A foto ao lado mostra os “gadgets” que irão na bagagem. Estão reunidos aí o guia do Lonely Planet para a Rússia (incrível como para algumas localidades, nada ainda supera os bons e velhos guias tijolão de papel), um celular android antigo que vai receber um chip de operadora local para melhorar nossas possibilidades de comunicação pelo caminho, cortador de unha, lanterna, canivete suiço, jogo compacto de chaves de fenda e philips, capa estanque para o celular principal (que custa caro… hehe), pilhas para alimentar o localizador SPOT, e todo o material de fotografia, incluindo carregadores, tripés, cartões de memória e as câmeras que usaremos na viagem: uma Go Pro Black 4, Uma máquina a prova d’agua e de queda portátil e uma semi-profissional com zoom de 42 para fotos mais elaboradas. Não carrego câmeras profissionais porque elas são pouco práticas na moto e, para o meu nível de “domínio” da arte da fotografia, não acredito que faria muita diferença mesmo… 🙂

E por fim, vem o lance da saúde. A lista necessária é grande… Ou alguém acha que vamos achar uma farmácia em cada esquina no meio da Sibéria? E mesmo que achemos, não sabemos se é fácil comprar coisas como um anti-inflamatório ou se tudo depende de receita médica. Portanto, aí está nossa farmácia portátil:

  • 20160629_094432 (1024x1008)Naldecon (gripe)
  • Cimegripe (gripe, exageeero)
  • Nimesulida (anti-inflamatório)
  • Klaricid (antibiótico de amplo espectro – devidamente receitado pelo médico para ser administrado caso minha gripe não regrida)
  • Vitamina C (aumento da resistência imunológica)
  • Shampoo 3 em 1 (lava, faz barba e tudo mais, em um só)
  • Protetor solar
  • Pomada cicatrizante
  • Desodorante, afinal, certos hábitos civilizatórios não serão perdidos
  • Band-aid
  • Cefaliv (dor de cabeça)
  • Pastilhas para a garganta
  • Spray para a garganta
  • Histamin (anti-alérgico)
  • Anti-séptico para machucados
  • Imosec (pra eventualidade da carne de urso não cair bem…)
  • Anti-embaçante para viseira de capacete (ok, não é remédio mas saiu junto na foto)
  • Isqueiro (parece bobagem mas é fundamental, porque o único jeito de manter bicho longe da barraca na eventualidade de uma noite no meio da estrada é fazendo fogo, e os dois motociclistas em questão seguramente fugiram daquela aula de escoteiro onde ensinavam a fazer fogo com gravetos)
  • Colírio
  • Protetor labial (frescura??? Experimenta pilotar a moto com o beiço todo partido e vê que divertivo… hehehehe)
  • Xantinon (fígado)
  • Miosan (relaxante muscular)
  • Dorflex (mais relaxante muscular)
  • Predinisolona (cortisol, pra emergências caso surja uma infeção mais complicada)
  • Gaze estéril
  • Baby Wipes (hehehehe… aprendemos essa com o Montanha, mas pra quem encontra “aqueles” banheiros pelo caminho, nada pode ser mais reconfortante que um pacote de baby wipes na mala… hehehe)
  • E por fim, a santíssima trindade: engov, epocler e estomazil. Esses, em quantidade industrial, porque como ouvimos falar que tudo na Rússia é motivo pra tomar uma vodka, é melhor se prevenir! 🙂

10 comentários em “UM GUIA PARA PLANEJAR SUA PRÓXIMA VIAGEM À SIBÉRIA

  1. Uauuuu isso sim é planejamento estratégico!
    Desejo que vcs só usem o necessário, como desodorante, baby wipes, protetor solar, shampoo 3 em 1,protetor labial… e que os demais ingredientes sejam só prevenção.
    Boa viagem e parabéns pelo planejamento.
    Naira

    1. Olá Tony, nesse caso, a prevenção é o único jeito, porque não temos certeza do que vamos encontrar pelo caminho e, mesmo que encontre, como explicar pro farmacêutico que preciso de um anti-histamínico em russo??? hehehehe… Grande abraço!!!! 🙂

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