Dormir em uma cidade onde não escurece é um desafio e tanto. O organismo entra em pane, parece não entender absolutamente nada do que está acontecendo. É comum que nas cerca de duas ou três semanas em que duram as “noites brancas” nessa parte do mundo, as pessoas durmam o mínimo possível para aproveitar ao máximo o clima propício a estar na rua. Afinal, nos meses de inverno, ocorre o contrário, com dias escuros, frio intenso e neve derretida nas ruas (o que só é bonito nos filmes, porque pra quem vive aqui, tudo vira lama quando a neve segue o curso normal da natureza e derrete).
O dia -2 (sim, estamos em contagem regressiva) foi dedicado a conhecer um pouco de St. Pete. A cidade descortina-se brilhante e suntuosa, pelo menos na parte antiga da cidade, que é a região turística de fato e onde se alinham uma quantidade significativa de palácios imperiais extremamente bem conservados. As ruas estão cheias de gente o tempo todo, os bares e restaurantes, na maioria, funcionam 24 horas por dia. Na hora do almoço, clichê total: strogonoff. A surpresa está no fato de que o que acompanha o prato criado para o tal conde Stroganov não é arroz, mas purê de batata. E o pitoresco é que comemos o prato russo mais popular no Brasil a uma quadra do… palácio Stroganov, onde viveu a família que emprestou nome ao prato. Foram quase 20 km de caminhada (medidos pelo acelerômetro dos smartphones), passando por uma infinidade de palácios, pelo Hermitage (um museu que visitaremos hoje, que rivaliza com o próprio Louvre de Paris em termos da densidade e amplitude de seu acervo) e pela Igreja do Salvador do Sangue Derramado (em tradução livre) uma construção absolutamente impressionante, tanto por fora, quanto por dentro (inteiramente feita de mosaicos).
Voltamos ansiosos para o hotel a espera de notícias da mala. Perdemos mais uma hora entre tentativas de telefonemas para a companhia aérea (então você acha o serviço de companhias aéreas no Brasil ruim????? sei….) e para o seguro-viagem, a no final recebemos a confirmação de que as malas estão em St Pete. O interessante é que 24 horas depois de perdidas as malas finalmente chegam onde deviam ter chegado na noite anterior e a informação que recebemos é que agora tudo ficará bem e que eles irão devolver as malas… em até 24 horas do momento em que elas chegaram em St Pete. Ok, eu sei que parece piada, mas não é… afinal, o que são mais 24 horas de espera pra quem já esperou 24, não é mesmo? Que falta podem fazer coisas supérfluas como cuecas e meias limpas, por exemplo? Como o que não tem solução solucionado está, partimos para o shopping em frente ao hotel (nada é por acaso, a localização do hotel não poderia ser melhor diante das circunstâncias) e aumentamos a fatura a ser apresentada a posteriori para a cia aérea e o seguro-viagem. Abrimos a noite em um rooftop bar com vista para a Super Igreja, onde a vista magnificente da igreja iluminada emoldurada pelos tons de vermelho e laranja do céu na plenitude da noite branca só foi superada pela grandeza dos preços do cardápio, e fechamos o dia jantando em um restaurante espanhol as… 3 da manhã! 🙂
Agora, enquanto termino esse post, a expectativa pela mala atinge níveis estratosféricos. E se elas não estiverem na portaria, o jeito vai ser ir até o aeroporto. Mas que nós achamos essas malas hoje, ah, isso nós achamos!!!!!
Não tinha ideia de tamanha beleza!