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Dia 11 – Novosibirski – Krasnoyarski – 840 KM

E completamos  dia mais longo de todos. Depois de retomarmos o ímpeto com as motos funcionando em plena capacidade, as distâncias parecem ficar menores. Essa é uma das vantagens do perrengue… quando vislumbramos a possibilidade de abortar a viagem por um motivo incontornável e voltamos à estrada com o risco de fracasso eliminado, mesmo as mais longas distâncias parecem menores.

O problema continua sendo o calor. Hoje, mais uma vez, batemos 33 graus na estrada, e esse calorão inferniza a vida do piloto na estrada.

O lado cômico, na linha do seria engraçado se não fosse trágico, ficou por conta do pneu dianteiro da moto cujos pneus foram trocados ontem. Quando chegamos a Novosibirski, conseguimos substituir os pneus da Adventure e dormimos certos de que hoje o dia seria “só alegria”. O problema é que na saída de Novosibirski, quando montei na moto, o painel indicou que o pneu dianteiro estava… murcho! 🙁

Pronto, lá vem perrengue outra vez… Ligamos pro dono da oficina que trocou o pneu, o cara atendeu (estamos falando de 7:30 da manhã, seguramente um horário que não é dos mais recomendáveis para se ligar para a casa de alguém), foi super solícito e mandou a gente ir pra oficina. Já começamos a vislumbrar mais um dia infernal, já que uma das razões para sair bem cedo é evitar o calorão no auge, e passando na oficina para ver o que rolava com o pneu acabaríamos nos atrasando.

Voltamos e diagnosticaram um vazamento na montagem do pneu, entre o próprio e a roda… Segundo eles, provavelmente reflexo de uma roda já amassada (Russian Roads, disseram eles…). Selaram o peu hermeticamente (pelo menos foi isso que entendi que eles fizeram) e lá vamos nós mais uma vez para a estrada. A saída de Novosibirski estava uma desgraça, como toda saída de cidade grande… Somado ao calor, tornava o desejo de chegar à estrada de uma vez para fugir do transito pesado ainda maior. E quando finalmente conseguimos, 13 km depois de sair do borracheiro, o painel da moto de novo começa a apitar feito penteadeira de puta. Então… nessa hora é uma foda. Dá vontade de jogar a moto longe, chutar essa porra toda pro alto, pegar o primeiro avião com ar condicionado e sumir. Isso dura uns 30 segundos, a calma retorna, e lááááááá vamos nós, voltar os 13 km de trânsito e calor invernal para a oficina. Agora, o problema diagnosticado foi a válvula… válvula consertada, eu já puto da vida querendo socar aquele russo lazarento, mas agradecemos e voltamos à estrada. Dessa vez, finalmente, para não mais voltar a Krasnoyarsk.

O último ponto relevante de hoje fica por conta da perda e recuperação da minha carteira. Ontem jantamos num restaurante super bacana, excelente atendimento, clima descontraído, comida excepcional. Mas aí, o cabeça de melão que vos escreve, ao chegar no hotel (dez minutos caminhando do restaurante) se dá conta de que sua amada e estimada carteira desapareceu.  Como paguei a conta do restaurante, tinha que estar em algum lugar entre nossa mesa e minha cama. Retornei no restaurante e… a carteira estava lá, guardada com a gerente do estabelecimento, junto com um bilhete anotado a mão contendo os valores que estavam na carteira em rublos, euros e dólares. Honestidade total. Atenção total. Profissionalismo total. E, é claro, alguma surpresa. Talvez, reflexo do brasileiro mal acostumado que provavelmente já se imaginou sem a carteira e os documentos…

Amanhã partimos para Tulun, o maior dia que resta da viagem em termos de quilometragem e nossa primeira experiência em uma cidade bem pequena do interior da Rússia. Como última curiosidade, em um dos abastecimentos, encontramos uma moça, viajando SOZINHA de moto, pelo TEMIDO, PERIGOSO, ASSUSTADOR interior da Rússia. Maior figura, veio bater papo, mas não falava picas de inglês e a única coisa que conseguimos fazer foi tirar a foto que está na galeria a seguir.  🙂

4 comentários em “Dia 11 – Novosibirski – Krasnoyarski – 840 KM

    1. Daniel, maior piradinha. Ela tentou falar com a gente de tudo que é jeito, mas só falava Russo. O jeito foi tirar a foto e seguir adiante. hehe

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